O novo presidente da
Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fez um discurso de
independência do Poder Legislativo no discurso de posse nesta segunda-feira, 4.
Ele afirmou que não faltará respeito aos demais Poderes, mas que o Poder que
"representa o povo brasileiro na sua mais sincera legitimidade é essa Casa
aqui".
"Não
faltará a um ou a outro - o Poder Executivo e o Poder Legislativo - o nosso
respeito. Mas não se esqueçam de que aqui só tem parlamentar abençoado pelo
voto popular", disse. Líder da bancada do PMDB por seis mandatos, ele
citou a lealdade ao seu partido e falou de sua história. Ele lembrou que está
na Casa há 42 anos e que conhece a Câmara profundamente.
Alves
falou ainda de sua trajetória política, afirmando que sua família era a mais
cassada pela ditadura militar. "Eu sei o que tive de passar para estar
aqui. Eu sei o medo que tive de superar para chegar aqui", disse
emocionado.
O
deputado potiguar, que tem 11 mandatos consecutivos e 42 anos de Câmara,
dividirá com o colega de partido Renan Calheiros (AL), eleito na sexta-feira
presidente do Senado, o comando da pauta de votações do Congresso pelos
próximos dois anos. Os peemedebistas à frente das duas Casas reforçam a posição
do PMDB para a sucessão presidencial de Dilma Rousseff - o partido já tem a
vice-presidência, com o presidente de honra do partido, Michel Temer.
Em
seu discurso, Alves atribuiu ao "fogo amigo" as denúncias que
surgiram contra ele. Nesta segunda-feira, os deputados encontraram em seus
gabinetes uma publicação com cópias de reportagens de supostas irregularidades
cometidas por Alves no exercício do mandato e até as suspeitas de
enriquecimento ilícito. Ele classificou a publicação apócrifa de
"pequena", "mesquinha" e de um "comportamento sem
cara, sem rosto, clandestino e subterrâneo". Disse ainda que "as
labaredas" desse fogo amigo não resistem às "chuvas de verão".
O
deputado afirmou que no último mês quiseram construir um novo Henrique com a
publicação das reportagens. "No mês eleitoral, quiseram rediscutir o
Henrique, quiseram refazer o Henrique, construir um outro Henrique",
disse. Alves disse que as denúncias não chamuscam o alicerce que construiu em
sua vida e defendeu a liberdade de imprensa.
O
deputado do PMDB fez um discurso para o público interno, em defesa do
Parlamento. Ele foi aplaudido ao prometer criar uma comissão para analisar
propostas sobre o chamado orçamento impositivo para as emendas parlamentares,
uma antiga reivindicação dos deputados, que contraria os interesses do governo
federal. Com o orçamento impositivo, a presidente Dilma Rousseff não poderá
mais segurar a liberação de dinheiro do Orçamento quando se tratar das emendas
individuais parlamentares aprovadas na lei orçamentária.
Críticas.
Alves foi o alvo preferencial dos outros três candidatos. Logo após o
pronunciamento do peemedebista, o deputado Júlio Delgado fez um duro discurso
em que rebateu todos os pontos da fala do favorito. De improviso, Júlio Delgado
disse que "chegou a hora da mudança", de "vencer as práticas
políticas que envergonham o Parlamento" e vencer "a politicagem na
Casa Legislativa".
Intitulando-se
o primeiro a se lançar contra a "candidatura única", o deputado do
PSB lembrou que a ausência de disputa não permite o debate, a essência do
parlamento. Júlio Delgado criticou inicialmente a proposta de Alves de aprovar
o orçamento impositivo. O deputado do PSB lembrou que essa é uma ideia que já
se tentou viabilizar no passado sem sucesso. A proposta que considera mais
factível, ressaltou, seria a de um contingenciamento parcial do orçamento, de
uma forma que não atingisse todos os recursos das emendas parlamentares.
Fonte: MSN Estadão
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