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quinta-feira, 22 de junho de 2017

Carta Aberta

Carta aberta ao à população brasileira

Povo sofrido do nosso amado Brasil!
Nosso país está a cada dia se tornando um lugar muito mais difícil de sobreviver, diante de atos não aprovados por nós, que partem de alguns membros integrantes dos órgãos representativos dessa grande nação.  Não posso deixar de enfatizar o vexame que nossos representantes, sobretudo, no Congresso Nacional e na Suprema Corte, causam à nossa sociedade brasileira por causas da grande repercussão mundial dos escândalos envolvendo aquelas autoridades.
Quando menciono a palavra “dificuldade”, digo-a com Muita propriedade, visto que ao logo da minha jornada nada consegui de maneira fácil. Pois, desde menino, ao entender as primeiras palavras de meus pais, fui ensinado sobre valores, familiares, sociais e morais. Me ensinaram que ser pobre nunca foi e jamais dever ser justificativa para aderirmos ao mundo da desonestidade e do crime. Nessa trajetória aprendi também que o melhor caminho para os que nasceram em berços humildes é dedicar-se exclusivamente ao caminho da educação.
Muitos de nós nascemos em lares pobres, filhos de lavradores, nossos pais nos pouparam de todo sofrimento e dificuldades da vida na roça. Estudamos em escolas públicas e tradicionais em uma época em que nas escolas aprendíamos sobre Educação Moral e Cívica e fazíamos fila todos os dias, para cantar os hinos oficiais do nosso país e, até mesmo, fazer orações. Aprendíamos também a respeitar nossos professores e professoras como se fossem nos segundos pais e aos nossos colegas como se fossem nossos irmãos e irmãs.
E foi nessa base de ensinamento que eu cresci passando evidentemente pelas fases da infância e adolescência hoje há muito esquecidas chegando, vitorioso, na fase adulta. Já nessa fase, inevitavelmente, vieram as responsabilidades e com elas a necessidade de sobrevivência.
Diante dos desafios da vida resolvi encará-los com muita dedicação aos estudos exatamente como meus pais me ensinaram. Em 1997 prestei meu primeiro concurso e consegui aprovação assumindo assim meu primeiro emprego público, na época para Auxiliar de Serviços Diversos. Em 2002, fiz novamente outro concurso público e com êxito fui aprovado, assumindo uma das vagas oferecidas para área de ensino. Porém, por exigência legal, tive que exonerar o concurso anterior. Em 2008, após ser aprovado em concurso novamente assumi mais uma vaga como professor na rede municipal de ensino. Todos esses episódios ocorreram no município de Pirapemas, cidade humilde e pacata do interior do Maranhão.
Todos os educadores da rede municipal de ensino na cidade acima referida recebiam míseros 700 reais por mês porque na gestão municipal encontrava-se uma família que detinha o poder há vinte anos e não obedecia quaisquer dispositivos legais, nem mesmo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação já em vigor na época. E qualquer servidor que se manifestasse era punido com transferência ou até mesmo demissão se fosse contratado. Foi o que ocorreu em 2009 quando o chefe da família ditatorial, o ex deputado federal Eliseu Moura ao assumir a prefeitura de Pirapemas fez, suspendendo pagamentos e afastando ilegalmente um grupo de professores concursados de seus respectivos cargos. Todos ingressaram na justiça e foram reintegrados mas, até a presente data, nunca receberam os seus salários suspensos, ou seja, cinco meses devidamente trabalhados. Diante das dificuldades muitos partiram pra continuidade e, como eu, em 2010, realizaram concurso público para área de educação na vizinha cidade de Cantanhede distante vinte quilômetros de Pirapemas.
Essa é a realidade vivida por muitos educadores Brasil afora, tendo que trabalhar de manhã , tarde, e noite para poderem oferecer um futuro mais digno aos seus filhos e filhas sem precisarem recorrer a favores ou mendigar trocadilhos no imenso antro de corrupção espalhado nas instituições brasileiras, muitas delas responsáveis por zelar pela proteção dos menos favorecidos agindo sempre contra os corruptores e corruptos.
Porém, o tenho presenciado em nosso Estado e em outros estados brasileiros é a efetivação de ações dos “doutos” representantes dos Ministérios Públicos, sobretudo, os estaduais, contra professores que de manhã, tarde e noite se dedicam ao ensino de cidadão que, antes de serem, advogados, promotores ou juízes, todos passaram pelo ensinamento de sala de aula.
As alegações são sempre o acúmulo de cargos previsto nos “princípios legais” com fundamento na Constituição Federal. E diante desses princípios que faço os seguintes questionamentos: Se nós que trabalhamos e dedicamos manhãs, tardes e noites de nossas vidas para tentar dar uma vida digna aos nossos filhos e filhas, estamos cometendo irregularidades, o que dizer dos funcionários fantasmas que incham as folhas de pagamentos dos setores públicos do nosso pai? O que dizer daqueles que fazem verdadeiros rombos no sistema previdenciário já quase falido? O que dizer daqueles que prestam concurso e colocam substitutos em seus lugares recebendo apenas o pagamento ao fim de cada mês? Se nós educadores que exercemos todas as nossas funções com a devida responsabilidade estamos cometendo irregularidades, o que dizer daqueles que assumem cargos eletivos apenas com o intuito de corromper e usurpar o dinheiro público? O que dizer dos esquemas de lavagens de dinheiro espalhados pelo país? O que dizer dos setores públicos que padronizaram em todo o país esquemas de corrupção em que corruptores e corruptos lêem na mesma cartilha? Se nós que trabalhamos e devolvemos ao governo anualmente os impostos requeridos cometemos irregularidades, o que dizer dos legisladores do Congresso Nacional, que ganham mais de 2 milhões por ano e criam dispositivos para se isentarem dos mesmos impostos? O que podemos dizer desse sistema judiciário retrógado e corrupto do Brasil?
A mais simples e melhor afirmação que se adéqua ao sistema é dizer que tudo faz parte de uma situação cultural. Pois, vivemos em um país em que cada vez mais pobres e negros superlotam os presídios brasileiros enquanto os ricos, corruptos e corruptores ganham liberdade ou redução de pena através do mais recente dispositivo, inventado pela “justiça” afim de abonar aqueles que são os verdadeiros bandidos desse país. Essa nova ferramenta, conhecida como “delação premiada”, é relevante para alguns e irrelevante para outros. Depende exclusivamente da capacidade interpretativa dos “doutores da Lei”, que ocupam os cargos da alta corte judiciária. Lá eles decidem se acatam ou ignoram  “provas”, ficando estas apenas na dependência do ponto de vista dos nossos sinceros juízes.
Entende-se, nessa ótica, que nesse país, os que levantam de madrugada para estudar e ampliar seus conhecimentos, trabalhar arduamente, na esperança de oferecer mais digna para seus dependentes, têm seus direitos inferiorizados por  pessoas desonestas que utilizam as madrugadas para promover farras às custas dos milhões, frutos da corrupção, elevando cada vez mais o nível de necessidade, pobreza e miséria do povo brasileiro.
Encerro esta carta com o entendimento de que no meu país, os valores materiais, morais e sociais nos foram usurpados desde sua descoberta em 1500. Que os dias vão se passando e impera uma visão crescente de impunidade, tendo em vista que está incutido em uma casta auto denominada “superior”, a idéia de compensação pelo crime. Pois, nesse país, a “justiça cobra e pune de fato e direito apenas aqueles que realmente trabalham e pagam seus impostos. Porem, aos negam, sonegam, enganam e fazem todo tipo de manobras para roubar os cofres públicos e, conseqüentemente, o povo brasileiro, a “justiça” cobra e pune de direito mas nunca de fato.
Pirapemas – MA, 21 de Junho de 2017.
Gilmar Sales Ribeiro

Vice presidente - SINDSEP

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