Carta
aberta ao à população brasileira
Povo sofrido do nosso
amado Brasil!
Nosso país está a cada
dia se tornando um lugar muito mais difícil de sobreviver, diante de atos não
aprovados por nós, que partem de alguns membros integrantes dos órgãos representativos
dessa grande nação. Não posso deixar de
enfatizar o vexame que nossos representantes, sobretudo, no Congresso Nacional
e na Suprema Corte, causam à nossa sociedade brasileira por causas da grande
repercussão mundial dos escândalos envolvendo aquelas autoridades.
Quando menciono a
palavra “dificuldade”, digo-a com Muita propriedade, visto que ao logo da minha
jornada nada consegui de maneira fácil. Pois, desde menino, ao entender as
primeiras palavras de meus pais, fui ensinado sobre valores, familiares,
sociais e morais. Me ensinaram que ser pobre nunca foi e jamais dever ser
justificativa para aderirmos ao mundo da desonestidade e do crime. Nessa
trajetória aprendi também que o melhor caminho para os que nasceram em berços
humildes é dedicar-se exclusivamente ao caminho da educação.
Muitos de nós nascemos
em lares pobres, filhos de lavradores, nossos pais nos pouparam de todo
sofrimento e dificuldades da vida na roça. Estudamos em escolas públicas e
tradicionais em uma época em que nas escolas aprendíamos sobre Educação Moral e
Cívica e fazíamos fila todos os dias, para cantar os hinos oficiais do nosso
país e, até mesmo, fazer orações. Aprendíamos também a respeitar nossos
professores e professoras como se fossem nos segundos pais e aos nossos colegas
como se fossem nossos irmãos e irmãs.
E foi nessa base de
ensinamento que eu cresci passando evidentemente pelas fases da infância e
adolescência hoje há muito esquecidas chegando, vitorioso, na fase adulta. Já
nessa fase, inevitavelmente, vieram as responsabilidades e com elas a
necessidade de sobrevivência.
Diante dos desafios da
vida resolvi encará-los com muita dedicação aos estudos exatamente como meus
pais me ensinaram. Em 1997 prestei meu primeiro concurso e consegui aprovação
assumindo assim meu primeiro emprego público, na época para Auxiliar de
Serviços Diversos. Em 2002, fiz novamente outro concurso público e com êxito
fui aprovado, assumindo uma das vagas oferecidas para área de ensino. Porém,
por exigência legal, tive que exonerar o concurso anterior. Em 2008, após ser
aprovado em concurso novamente assumi mais uma vaga como professor na rede
municipal de ensino. Todos esses episódios ocorreram no município de Pirapemas,
cidade humilde e pacata do interior do Maranhão.
Todos os educadores da
rede municipal de ensino na cidade acima referida recebiam míseros 700 reais
por mês porque na gestão municipal encontrava-se uma família que detinha o
poder há vinte anos e não obedecia quaisquer dispositivos legais, nem mesmo a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação já em vigor na época. E qualquer servidor
que se manifestasse era punido com transferência ou até mesmo demissão se fosse
contratado. Foi o que ocorreu em 2009 quando o chefe da família ditatorial, o
ex deputado federal Eliseu Moura ao assumir a prefeitura de Pirapemas fez,
suspendendo pagamentos e afastando ilegalmente um grupo de professores
concursados de seus respectivos cargos. Todos ingressaram na justiça e foram
reintegrados mas, até a presente data, nunca receberam os seus salários
suspensos, ou seja, cinco meses devidamente trabalhados. Diante das
dificuldades muitos partiram pra continuidade e, como eu, em 2010, realizaram
concurso público para área de educação na vizinha cidade de Cantanhede distante
vinte quilômetros de Pirapemas.
Essa é a realidade
vivida por muitos educadores Brasil afora, tendo que trabalhar de manhã ,
tarde, e noite para poderem oferecer um futuro mais digno aos seus filhos e
filhas sem precisarem recorrer a favores ou mendigar trocadilhos no imenso
antro de corrupção espalhado nas instituições brasileiras, muitas delas
responsáveis por zelar pela proteção dos menos favorecidos agindo sempre contra
os corruptores e corruptos.
Porém, o tenho
presenciado em nosso Estado e em outros estados brasileiros é a efetivação de
ações dos “doutos” representantes dos Ministérios Públicos, sobretudo, os
estaduais, contra professores que de manhã, tarde e noite se dedicam ao ensino
de cidadão que, antes de serem, advogados, promotores ou juízes, todos passaram
pelo ensinamento de sala de aula.
As alegações são
sempre o acúmulo de cargos previsto nos “princípios legais” com fundamento na
Constituição Federal. E diante desses princípios que faço os seguintes
questionamentos: Se nós que trabalhamos e dedicamos manhãs, tardes e noites de
nossas vidas para tentar dar uma vida digna aos nossos filhos e filhas, estamos
cometendo irregularidades, o que dizer dos funcionários fantasmas que incham as
folhas de pagamentos dos setores públicos do nosso pai? O que dizer daqueles
que fazem verdadeiros rombos no sistema previdenciário já quase falido? O que
dizer daqueles que prestam concurso e colocam substitutos em seus lugares
recebendo apenas o pagamento ao fim de cada mês? Se nós educadores que
exercemos todas as nossas funções com a devida responsabilidade estamos
cometendo irregularidades, o que dizer daqueles que assumem cargos eletivos
apenas com o intuito de corromper e usurpar o dinheiro público? O que dizer dos
esquemas de lavagens de dinheiro espalhados pelo país? O que dizer dos setores
públicos que padronizaram em todo o país esquemas de corrupção em que
corruptores e corruptos lêem na mesma cartilha? Se nós que trabalhamos e
devolvemos ao governo anualmente os impostos requeridos cometemos
irregularidades, o que dizer dos legisladores do Congresso Nacional, que ganham
mais de 2 milhões por ano e criam dispositivos para se isentarem dos mesmos
impostos? O que podemos dizer desse sistema judiciário retrógado e corrupto do
Brasil?
A mais simples e
melhor afirmação que se adéqua ao sistema é dizer que tudo faz parte de uma
situação cultural. Pois, vivemos em um país em que cada vez mais pobres e
negros superlotam os presídios brasileiros enquanto os ricos, corruptos e
corruptores ganham liberdade ou redução de pena através do mais recente
dispositivo, inventado pela “justiça” afim de abonar aqueles que são os
verdadeiros bandidos desse país. Essa nova ferramenta, conhecida como “delação
premiada”, é relevante para alguns e irrelevante para outros. Depende
exclusivamente da capacidade interpretativa dos “doutores da Lei”, que ocupam
os cargos da alta corte judiciária. Lá eles decidem se acatam ou ignoram “provas”, ficando estas apenas na dependência
do ponto de vista dos nossos sinceros juízes.
Entende-se, nessa
ótica, que nesse país, os que levantam de madrugada para estudar e ampliar seus
conhecimentos, trabalhar arduamente, na esperança de oferecer mais digna para
seus dependentes, têm seus direitos inferiorizados por pessoas desonestas que utilizam as madrugadas
para promover farras às custas dos milhões, frutos da corrupção, elevando cada
vez mais o nível de necessidade, pobreza e miséria do povo brasileiro.
Encerro esta carta com
o entendimento de que no meu país, os valores materiais, morais e sociais nos
foram usurpados desde sua descoberta em 1500. Que os dias vão se passando e
impera uma visão crescente de impunidade, tendo em vista que está incutido em
uma casta auto denominada “superior”, a idéia de compensação pelo crime. Pois,
nesse país, a “justiça cobra e pune de fato e direito apenas aqueles que
realmente trabalham e pagam seus impostos. Porem, aos negam, sonegam, enganam e
fazem todo tipo de manobras para roubar os cofres públicos e, conseqüentemente,
o povo brasileiro, a “justiça” cobra e pune de direito mas nunca de fato.
Pirapemas
– MA, 21 de Junho de 2017.
Gilmar Sales
Ribeiro
Vice presidente -
SINDSEP
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